sábado, 5 de setembro de 2009

O universo poético de GULLAR.


Em entrevista ao FELICA e ao jornal Cataguases, o maior nome da poesia brasileira vivo, Ferreira Gullar, antecipa sua algumas de suas posições sobre o mundo atual e sobre o fazer literário hoje em dia.


Um dos pontos altos do FELICA será a participação de Ferreira Gullar. O poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro nasceu José Ribamar Ferreira em São Luís, em 10 de setembro de 1930. Ao lado de Bandeira Tribuzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, José Bento, José Sarney e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido através da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores.


Foi ganhador do concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras com seu poema “O Galo” em 1950, os prêmios Molière, o Saci e outros prêmios do teatro em 1966 com “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, que é considerada uma obra-prima do teatro moderno brasileiro. Em 2002, foi indicado por professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro Resmungos ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal “Folha de São Paulo” no ano de 2005.


Uma semana antes do Festival Literário, o Jornal Cataguases apresenta um bate-papo com o escritor:


Cataguases - Como você analisa sua participação na primeira edição do Festival Literário de Cataguases - FELICA?

Ferreira Gullar – “É sempre com prazer que participo de iniciativas como essa, uma vez que é uma oportunidade de me aproximar dos leitores e dos amantes da poesia”.


Cataguases - Sendo Cataguases uma cidade que já tem tradição na literatura, acha que esse passado ajudará na continuidade do festival?

Ferreira Gullar – “Certamente, participar de um festival em Cataguases tem uma significação especial, dada a tradição cultural da cidade e sua contribuição à cultura brasileira dentro da Literatura Verde“.


Cataguases De que maneira projetos literários como o FELICA contribuem para a popularização da literatura?

Ferreira Gullar – “Contribuem porque trazem a discussão cultural para o presente das pessoas. A poesia, o romance, a arte, enfim, a criação literária e artística enriquecem a vida das pessoas e seu mundo imaginário”.


Cataguases - Dois dias antes de estar aqui em Cataguases você comemorará 79 anos de idade. Sua mesa tratará da sua descoberta da poesia e de sua experiência como leitor e autor. Conte um pouco dessas experiências.

Ferreira Gullar – “Minha experiência como leitor e escritor envolve coisas demais para caber numa simples entrevista. Falarei dela na minha palestra”.


Cataguases - Em um documentário sobre o Drummond, você diz que poesia não cura dor de dente, nem resfriado, mas ela nos faz suportar melhor o mundo e que a cada autor que conhecemos o nosso mundo aumenta. Hoje, mais do que nunca, estamos precisando de ler mais poesia?

Ferreira Gullar – “Mais do que nunca a poesia é importante, precisamente porque a cultura massificada toma conta da vida das pessoas. O divertimento é necessário mas não é suficiente, não dá às pessoas o que a poesia pode dar”.


Cataguases - Ainda há propósito válido para movimentos de vanguarda? E para uma poesia engajada?

Ferreira Gullar – “Acredito que o que se chamou de vanguarda é hoje uma experiência esgotada mas isso não quer dizer que não se deva continuar a buscar novas expressões e modos de criar a poesia e a arte. Quanto à literatura engajada, isso depende de cada um. Não é obrigado nem proibido fazer poesia engajada.


Cataguases Qual sua avaliação sobre a recepção da sua obra pela crítica contemporânea?

Ferreira Gullar – “Não posso me queixar da crítica, que tem sido generosa com minha poesia. A crítica, quando pertinente, oferece uma nova perspectiva da obra e, de certo modo, a enriquece”.


Cataguases - Aos 79 anos, quais são as coisas que causam espanto e acionam o poeta?

Ferreira Gullar – “Naturalmente, depois de tantos anos de vida, menos coisas me espantam. No entanto, continuo a escrever poemas exatamente porque continuo a me surpreender com a vida. Às vezes, quando menos espero, um fato banal ou uma coisa conhecida, revela seu lado inesperado.E a poesia nasce”.

3 comentários:

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  2. Ferreira Gullar não é apenas um poeta de voz singular, mas um ser humano especial cuja presença, tal qual sua poesia, é capaz de iluminar!
    Sônia Barros
    (Santa Bárbara d´Oeste - SP)

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  3. Trazer o Ferreira Gullar não é pra qualquer um não. O cara é de altíssimo nível! Muito trabalho e esforço da parte de vocês. Parabéns por todo o trabalho! Iniciativa louvável! Cataguases merece mais eventos dessa magnitude. Que venham os próximos!!

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