domingo, 6 de setembro de 2009

Matéria no HOJE EM DIA on line, na coluna de Manoel Hygino, do dia 31/08

Um centro cultural

Senti-me lesado com a não efetivação, até agora, das medidas administrativas que permitiam viabilizar a instalação de um centro cultural em Cataguases na Casa da Rua Alferes. É o lugar adequado, até porque o imóvel se encontrava desocupado, o que facilitaria a nobre destinação preconizada. “A Casa da Rua Alferes”, dada a sua importância e o elo que estabelece com os segmentos intelectuais e artísticos da cidade da Zona da Mata, passou a título de livro, aqui comentado, com alegria.

Nem sempre, porém, as coisas acontecem como sonhávamos e pretendêramos. Aconteceu assim com a Casa da Rua Alferes, o que não gerou desânimo aos que trabalham com as Letras em Cataguases. Quem sabe, conjurando os óbices, ainda se poderá registrar que a antiga e robusta mansão passou a suprir uma lacuna, transformando-se em centro de cultura e arte? Esperemos.

Enquanto esperamos, constatamos que a cidade, que tanto atraiu Portinari e Niemeyer, parte para novos projetos. É o caso do Felica - Festival Literário de Cataguases, no mês vindouro. Geraldo Filho, professor de Literatura, inclusive já tem um site, dando conta de tudo que diz respeito à iniciativa e sua evolução até 12 de setembro.

O Festival, previsto a ter tanto êxito quanto o de Montes Claros, minha terra natal, contará com a presença e participação de ilustres nomes, como o poeta Ferreira Gullar, o rapper Gabriel, o Pensador, e Luiz Ruffato. Uma série de auspiciosos itens compõe o programa estabelecido para 10 a 12 de setembro. Gabriel, no primeiro dia, apresentará seu livro infanto-juvenil “Diário Noturno”. Segue-se uma oficina de leitura com o poeta performático Fabrício Carpinejar e Terezinha Scher. À noite, mesa temática com Lina Tâmega Peixoto, Joaquim Branco e Chico Cabral sobre “Os 100 anos de Chico Peixoto”, um dos ícones das letras de Minas, da revista “Verde”, inserida definitivamente no cenário literário, pois foi o maior acontecimento depois da Semana de 1922.

O Felica é para entrar na história.

“As palavras de amor nunca são as mesmas” é uma mesa a cargo de Carpinejar, encerrando as apresentações de um dos dias: a quinta-feira. No outro dia, pela manhã, uma mesa debaterá o “Futebol e Literatura”. Com o espaço destinado às crianças bem ocupado pelos doutores em Literatura Infantil, Mary e Eliardo França, e a multi-artista Nelly Aquino. As oficinas vespertinas correrão sob responsabilidade de ilustres visitantes, inclusive a artista chilena Carola Saavedra e Daniela Aragão. À noite, debates: “As três faces da mesma moeda”, com Idalina de Carvalho, Ronaldo Werneck e Ronaldo Guimarães; e “Literatura é coisa de quem viaja”, com Carola Saavedra, mais uma vez, e a escritora portuguesa Tatiana Salem Levy.

Luiz Ruffato é o patrono do acontecimento, ele hoje nome nacional com excursões a editoras estrangeiras. Ele apresentará “O que é real e o irreal na sua ficção na Cataguases dos escritores”, junto com Ronaldo Cagiano e Fernando Cesário. Um momento muito aguardado será “79 anos de poesia: Gullar a descoberta da poesia e suas experiências como poeta”. Francisco Marcelo Cabral também lá estará, nem poderia faltar, ele que amam aquela terra acima de tudo o que já viu em outros lugares no mundo. Simultâneo ao Festival haverá o lançamento de “Caça Palavras”, de Joaquim Branco; “Drogaria”, de P. J. Ribeiro; “Totem, um acordo literário: Suplemento cultural de Cataguases na década de 1970”, de Anicezia Romanhol Bette; “Minerar o Branco”, de Ronaldo Werneck; “Um dia, o trem”, de Fernando Fiorese; “Quaradouro e Primeira Letras”, de Iacyr Freitas, “Metamorfose Dos Mesmos”, de Néia Gesualdi; e o lançamento nacional de “Estive em Lisboa e lembrei de você, a nova produção de Ruffato, pela Cia. das Letras, no projeto Amores Expressos.

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